Oficios e Modo de Fazer
Abrange os conhecimentos e práticas empregados nas atividades de produção da vida doméstica, nos afazeres do cotidiano, e na resolução de questões prosaicas da vida, como o nascimento, a doença e a cura, o trabalho na roça e sua organização coletiva em puxirões, o processamento dos alimentos, a caça, a pesca, a construção das casas, a confecção de canoas, utensílios, móveis e ferramentas para diversos fins. Estão incluídos os ofícios de lavrador, parteira, artesão, carpinteiro, curandeiro, canoeiro, benzedor e capelão.
O aprendizado destes ofícios é sempre dentro da própria comunidade, ou em comunidades vizinhas, em geral com familiares mais experientes. A matéria prima é a natureza: com as mãos, vão transformando cipós em cestos e balaios, madeiras em monjolos, pilões, moendas e canoas, bambus em armadilhas e brinquedos, barro em paredes, galhos em remos e arcos; folhas e sementes em remédios. Estes ofícios revelam a riqueza dos conhecimentos que os quilombolas têm sobre os recursos da floresta. A preservação destas práticas depende da transmissão de conhecimentos dos mais velhos e da apropriação e interesse das gerações mais novas em dar continuidade.
A maioria dos bens culturais desta categoria encontra-se difundida em todas as comunidades participantes do projeto. A centralidade do modo de fazer roça de coivara é evidenciado pela extensa difusão e integridade desta atividade em todas as comunidades do projeto. Nota-se, porém, uma tendência à diminuição da atividade agrícola, em tempo e número de pessoas envolvidas, provocando impactos em outros bens culturais encadeados: as formas coletivas de organização do trabalho, os bailes associados à colheita, os saberes associados aos recursos naturais utilizados na fabricação de ferramentas e utensílios, e no processamento dos alimentos.